terça-feira, 1 de julho de 2014

A história de kuan Yin






Dentre várias histórias e lendas a respeito de Kuan Yin, a mais conhecida trata-se de uma lenda budista do século XII de Miao-Shan, uma princesa chinesa que viveu no ano 300 a.C.
A forte crença de que a princesa seria a bodhisattva, reforçou mais ainda sua imagem feminina.

No sudoeste da China havia um reinado, cujo rei teve três filhas. A mais nova chamava-se Miao-Shan, nascida em torno de 300 a.C. no décimo nono ciclo lunar. No exato momento que a princesa nasceu, a terra tremeu e várias flores emergiram da terra emanando uma maravilhosa fragrância
.
 Pessoas que estavam ali presentes, diziam ver sinais de uma encarnação sagrada em seu corpo.
Apesar do rei e a rainha ficarem encantados por essa bênção, infelizmente eram pessoas materialistas e corruptas e não viram valor em ter uma criança tão pura.
Para piorar, o rei sentia-se amaldiçoado por não ter nascido um filho homem. Desejava então que suas filhas se casassem com homens nobres e ricos na esperança que lhe dessem netos do sexo masculino.

Quando Miao-Shan ficou mais velha, o rei queria que ela se casasse com um nobre que lhe oferecera um rico dote.
Estava também muito esperançoso que a filha lhe desse um herdeiro homem para tomar conta de seu reino. Entretanto, ela disse ao seu pai que somente se casaria caso o motivo de seu casamento estivesse relacionado a algo que contribuísse para ajudar a aliviar o sofrimento da humanidade.

O rei ficou enfurecido com a devoção da filha em ajudar aos outros. Assim a forçou a trabalhar como escrava e realizar serviços domésticos. Sua mãe e suas irmãs também a censuravam, mas tudo era em vão.

Sem sucesso em convencer a princesa e já em desespero, o rei decidiu deixá-la seguir sua vocação religiosa e a mandou para o monastério do Pássaro Branco em Lungshu Hsien. Mas como não se conformava com a vocação da filha, ele ordenou que as freiras do local a tratassem muito mal para que ela mudasse de ideia. Então ela foi forçada a colher madeira, a carregar galões pesados de água, a capinar e fazer jardins naquelas terras infrutíferas e cheias de cascalhos. Toda terra em volta do monastério era infértil. Entretanto, não só ela conseguiu.

O tempo passava e a vocação e determinação de Miao-Shan em seguir a vida religiosa, a tornou, forte o bastante para enfrentar qualquer obstáculo.

Quando o rei ouviu falar na história do milagre do jardim, decidiu que não havia outro jeito senão matar sua filha e também as freiras que não estariam atormentando-a como foram ordenadas. Enviou então seu carrasco para o monastério. Quando o algoz foi golpear a princesa com sua espada, a arma partiu-se em mil pedaços. Por ordens do rei, o executor a estrangulou, conseguindo finalmente matá-la.

Formou-se uma neblina de onde surgiu um espírito em forma de tigre que levou a alma de Miao-Shan para as montanhas. Das montanhas a lama desceu ao inferno, mas, no entanto não sofreu a agonia do mundo inferior, mas sim, devido a dimensão de sua bondade, pureza e iluminação, conseguiu libertar todos os seres que estavam ali para serem punidos. Acabou transformando o inferno em paraíso. Yama, rei do inferno, ao sentir seus poderes ameaçados, imediatamente mandou Miao-Shan de volta à vida.

Assim que retornou, ela foi honrada com a visita do Buddha Amitabha. Ele a transportou em uma flor de lótus para a ilha de Potala, conhecida pelos marinheiros por ilha de P’u-T’o Shan, próxima a Ningpo. Lá, Miao-Shan viveu por 9 anos se aperfeiçoando em seus estudos, curando doenças e salvando os marinheiros de naufrágios. Pôde de essa forma cumprir todas as tarefas que lhe faltavam para se tornar Bodhisattva.

Anos mais tarde, o rei adoeceu seriamente. Era incapaz de dormir ou comer, e os médicos lhe deram pouco tempo de vida. Quando estava quase morrendo, um monge veio lhe visitar e disse que era capaz de curá-lo. Mas para realizar essa cura, seria necessário que moesse os braços e os olhos de alguém que fosse livre de rancores para poder fazer o medicamento. O rei achou que era impossível encontrar alguém com tais características e que fosse capaz de fazer isso. Mas o monge garantiu que havia um Bodhisattva que vivia nos domínios do rei, o qual gentilmente cederia partes do corpo caso lhe pedissem.

O rei enviou um mensageiro para encontrar o tal iluminado. Ao ouvir o pedido do mensageiro, Miao-Shan generosamente removeu seus olhos e seus braços entregando-os para o preparo do remédio. O mensageiro retornou, o monge preparou a medicação e o rei após ingeri-la, recuperou-se totalmente.

Quando o rei foi agradecer ao monge, este o censurou: “Você deveria agradecer àquele que lhe cedeu os olhos e os braços.” E repentinamente, o monge desapareceu.
O rei acreditou que aquilo era uma intervenção divina, ordenou que preparassem um transporte para que ele e sua família fossem encontrar e agradecer o Bodhisattva desconhecido.

Quando a família real chegou, descobriu logo haver sido a filha Miao-Shan, que estava ali viva, a doadora das partes do corpo. A princesa, muito feliz, disse:
“Consciente do amor de meu pai, eu o retribuí com meus olhos e braços.”
Com lágrimas nos olhos e o coração cheio de vergonha, a família juntou-se para abraçá-la. Nesse momento, nuvens auspiciosas formaram-se ao redor de Miao-Shan. A terra tremeu e flores caíram do céu. Uma manifestação sagrada de mil braços e mil olhos nas palmas das mãos surgiu em seu corpo fazendo-a pairar no ar. Assim, ela se foi.

O rei cedeu o reinado para o chefe dos ministros e converteu-se ao budismo. Em homenagem a Miao-Shan, sua família construiu um lindo santuário, conhecido como A Montanha Perfumada.





MEDITAÇÃO




Sente-se confortavelmente em uma cadeira, ou em uma almofada no chão. Fique em posição de lótus caso prefira. Alivie a mente dos pensamentos do dia, feche os olhos. Relaxe seu corpo e preste atenção em sua respiração por alguns minutos. Inspire e expire profundamente em um ritmo bem tranquilo. Sinta-se em equilíbrio com o seu corpo.

Transporte-se para uma praia. Imagine um lugar na areia limpa, gracioso, próximo à beira d’água. Sente-se nesse lugar para visualizar o oceano. É uma noite nublada.

Ouça o barulho tranquilo das ondas, sinta a brisa morna do mar e o cheiro do sal que ela traz.
Olhe para cima e perceba que há uma bela lua cheia que surge no céu. A luz do luar é intensa e é refletida por todo o mar. Contemple essa linda lua por um tempo.

A lua vai ficando cada vez mais clara  já ao ponto de você não conseguir mais visualizá-la em seu formato. Observe como ela vai se transformando aos poucos em Kuan Yin até tornar-se a deusa em pessoa, rodeada por uma aura maravilhosamente iluminada e brilhante.

Ela vem em sua direção e para sobre uma flor de lótus que flutua nas ondas do mar. É uma graciosa mulher com traços asiáticos, com cabelos negros e ornamentados, usando uma túnica que flutua junto com a brisa.

Ao olhar para você, ela sorri e lágrimas de alegria brilham em seus olhos. É um encontro de muita felicidade. Conforme ela se aproxima, permita que sua energia entre em você. Sinta a sua força, paz e compaixão tomar conta do seu interior.

Agora, sinta transbordar essa compaixão de dentro de você indo ao encontro de todas as criaturas do planeta. Suas dificuldades, suas fraquezas, suas incapacidades, todos os seus momentos de confusão, de angústia, de dor, de tristeza e de solidão estão se transmutando em resoluções e sendo substituídos pelo amor que Kuan  Yin emana para você. Renda-se à misericórdia que ela possui por toda a vida humana. E fique no local enquanto precisar ficar.
Finalmente, é hora de Kuan Yin partir. Veja-a em sua frente novamente. Na medida em que ela se vai, sua imagem vai diminuindo aos poucos até desaparecer no espaço. Contemple a bela lua que ficou e descanse.

Quando estiver pronto, volte a seu corpo e o sinta por completo. Perceba seu corpo sentado, concentre-se e respire antes de abrir seus olhos.
Agradeça por esse momento.


Autora : Áurea Daia Barreto 

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